terça-feira, 5 de agosto de 2008

Alo Luanda


Angola, 06 de agosto de 2008


Fiz o trajeto RJ-SP-Joenesburgo-Luanda, encontrei uma médica que conheci na entrevista, já no saguão de embarque no Rio, Ana Maria que faz gastro e endoscopia digestiva. Em São Paulo fomos recepcionados pela secretária da Conplasa ao fazermos o check in, neste momento conheci outra médica, Aparecida que é cirurgiã geral e pediátrica. Lá tb embarcou Cyro, meu chefe de gineco, e sua esposa.

Joanesburgo olhando do alto não parece tão grande, muitas casas e poucos prédios, mas o aeroporto é muito bom e com um free shop enorme e caro. Já Luanda do alto é enorme, mas parecendo uma enorme favela da maré ao chegar no Galeão.

Ao chegar em Luanda, o susto...rsss....nunca imaginei descer no meio da pista, de escada, de um Airbus...isso mesmo....não tem finger, o aeroporto daqui só não perde pra rodoviária de Maricá. A alfândega deve ter uns 50m2, com as pessoas se amontoando dentro, mais asiáticos do que africanos, e poucos europrus e americanos. Neste local já começa o problema de ´presentes` ou `gasosa` para passar na frente ou conseguir primeiro o formulário de imigração. A única esteira para as malas, recebendo 3 voos ao mesmo tempo, é pré-histórica e enguiçou por mais de meia hora, causando enorme alvoroço nos chineses com suas muambas. Ao passar por mais um saguão já saímos do aeroporto, que tem um único policial na porta. Lembrava aquelas imagens de filmes americanos sobre os países africanos ou centro-americanos. E eu que tinha reclamado que o aeroporto de Montevideo parecia uma rodoviária...rsss....nem podia imaginar que existisse algo mais precário em transporte aéreo.

Conhecemos o ´estilo angolano de ser` ao sabermos por sorte, pq conhecemos um farmacêutico que estava voltando do Brasil, trabalha no hospital e tinha o telefone do receptivo, que o carro para nos buscar iria sair do hotel naquele momento em que chegamos, mesmo tendo sido avisados do nosso vôo e de saber que o transito poderia estar caótico. Isso implicou em quase uma hora e meia de espera no lado de fora do aeroporto, sentados num corrimão pq não há cadeiras no aeroporto. Entretanto, assistimos um show de canto gospel na calçada em frente, pois era a recepção de uns pastores americanos que vieram para um grande encontro, religiosos chamados toqueiros devido ao seu fundador, Pastor Toco, foi muito bonito.

Precisei ir ao banheiro e ao perguntar ao único policial existente este me orientou que ficava no saguão de bagagens, fui até lá sem passar por única alma viva, vi várias malas que foram deixadas neste saguão, poderia ter pego qquer uma delas sem que ninguém visse, ou até mesmo ir até a pista de pouso, pois a porta fica aberta.....rssss....incrível.

Fomos informados que estão construindo outro aeroporto em Luanda Sul.

Transporte até o hotel em um micro-onibus através de ruas sujas, castigadas, lotadas de vans chamadas candongas pois não há transporte público em Luanda, nem taxi. Chegamos a um hotel com obras na rua, porém bem decente, além da expectativa que já havíamos criado devido a tudo visto até o momento.

Estamos num hotel 3 estrelas onde só moram funcionários brasileiros, a 13 min do hospital. Os angolanos são extremamente simpáticos, e os brasileiros se mostraram satisfeitos até o momento, uns aqui há 6 meses, e a maioria há 4 meses.

O quarto tem cama de casal, frigobar, TV, acesso a cabo para internet, mas que só voltou a funcionar depois de 6 dias enguiçado, banheiro com aqueles chuveiros-box em modelo italiano, que tem torre com duchas laterais, chuveiro em cima e de mão, porém tudo é importado da China. Ficaremos aqui mais 2 dias e depois iremos para Luanda Sul, bairro chique daqui, para outro hotel, para ficarmos por 3 meses, até que o prédio dos médicos fique pronto, a obra está atrasada. Vimos fotos do prédio, tem localização fantástica, 5 andares, todos os quartos com vista para o mar, e elevador panorâmico.

Outro susto enorme...ao entrarmos no hospital......as fotos enviadas não correspondiam a realidade....o hospital é fantástico, tudo de mais moderno, tudo amplo. A decoração não é a mais bonita que já vi, o Johns Hopkins em Baltimore é mais bonito externa e internamente, porém em estrutura nunca vi nada igual, é muito mais do que sonhei em trabalhar um dia. Todos nós médicos estamos abismados, é muita tecnologia, muito equipamento, muita gente sendo treinada, muita organização. O hospital tem 228 leitos, mas irá começar a funcionar com 122, e já tem 780 funcionários trabalhando, isso pq só irá inaugurar dia 15 ou 25 deste mês, inclusive com a presença do presidente do país. A rotina é de chegar ao hospital as 07 e meia e sair as 18h. Na primeira reunião já fomos informados que seremos referencia para atendimento de políticos, presidentes, ministros de estado e artistas de Angola e outros países africanos. Irão iniciar curso de especialização e nós vamos ministrar o curso. A previsão é atuar como Faculdade de Medicina em alguns anos. Nos pediram para listar cursos de aperfeiçoamento que desejemos fazer, inclusive na Europa, nos próximos 2 anos, para programação orçamentária pois vão pagar pra gente. To tendo que ser beliscado para acreditar....rssss...Os outros médicos que vieram comigo são de ótima qualidade, as enfermeiras brasileiras que conheci tb são muito boas, mas todos são unânimes em dizer que o treinamento dos funcionários angolanos tem de começar do zero.

Ainda estão precisando de vários médicos brasileiros, principalmente anestesistas e e neonatologistas. Se souberem de candidatos é só avisar.

A cidade é muito pobre, tem prédios bonitos, antigos, mas a cidade ficou arrasada com a guerra, morreu um grande número de homens e a população feminina hoje é muito maior, a expectativa de vida é de 45 anos e o IDH é muito baixo. O índice de natalidade é alto e estimulado pelo governo, para repovoar o país....já vi que vou fazer muito parto.....rssss

Fomos a feira de Benfica com artesanato popular, tem pouca variedade mas coisas bem interessantes, tem sempre que se pechinchar pra cair o preço em pelo menos 50%. Vi 2 enormes templos da Universal, mas o povo é bem supersticioso quanto a mandinga, não se pode tirar foto de ninguém na rua pq se pode fazer macumba com as fotos....rssss

Tem um shopping grande, do tamanho do Iguatemi, moderno, mas tudo é muito caro, o serviço é ruim e falta muita coisa. As pessoas acabam comprando as coisas no sinal, desde roupas e sapatos, até eletrodomésticos. Em loja por exemplo, um sapato Arezzo feminino brasileiro custa 100 doláres, a feitura de mão pé e escova num salão Werner....isso mesmo, tem franquia aqui......sai por $90......informações muito importantes pra mim...rssss.....calma, brincadeirinha, não virei traveca, foram informações colhidas dos papos de mulheres.

Um ótimo detalhe, aqui tem Globo Internacional, a programação é um pouco diferente, mas passa as novelas igual ao Brasil, sem atraso....oba!!!!....vou ficar sabendo quem é a assassina de A Favorita.....rssss

Beijos mil.......saudades de todos vcs

2 comentários:

Enjoylife disse...

Não gosto nada de ver brasileiros nessa terra...voltem para o vosso pais porra.

Unknown disse...

Olá, sou Enfermeiro, tenho 26 anos, experiência no Plano de Saúde da Família e em Gerenciamento de Unidade de Saúde, sou Especialista em Saúde da Família pela Universidade Federal de Minas Gerais, com disponibilidade e interesse de trabalhar na África.
Desde já agradeço!!!
nxjose@gmail.com